31 de agosto de 2011

tenho a certeza que nada é a resposta para tudo

23 de julho de 2011

Tive que ou tive de?

Tive de fazer o espreguiço mais monstruoso de sempre, tão monstruoso que tive de me levantar e aleijei o pulso ao bater com a mão na parede.

13 de fevereiro de 2011

Rita, a avó que me ralhava por eu lhe partir as sardinheiras.

Ficaste pequenina pequenina, até que te foste embora.  Levaste os teus ossinhos pequeninos pequeninos,  e levaste as desculpas para vaguear em ninhos.
Adeus às ratazanas, e aos pássaros mortos atrás da porta vermelha.
Aos ovinhos.

24 de novembro de 2010

Quando vos perguntarem se já têm companhia para ir a um concerto digam que sim. Não vá o diabo tece-las.
Lembrei-me agora disto.
Porque não estou a pensar em nada.

31 de outubro de 2010

Durante a semana ando revoltada porque sinto que tenho demasiadas coisas para fazer. Depois tenho um fim-de-semana enorme e não faço nada. Alguém me explica isto?

23 de outubro de 2010

21 de setembro de 2010


Estava no comboio, numa das muitas viagens intermináveis da faculdade até casa. Prefiro não sentir isso então afundo-me num livro qualquer. Adormecida em frases não tive tempo de reagir às portas que se abriam e deixavam entrar um cheiro familiar. Feijão preto quente, esmagado, vendido ao quilo e natas caseiras distribuídas em sacos de plástico. É o cheiro de uma casa guatemalteca por la mañana. Acordamos, ou semi-acordamos e vamos colados às paredes com pés preguiçosos arrastando-nos até à mesa. O cheiro pode ser palpável. Submetida à realidade implacável de que metade de nós está noutro lado.
O cheiro deixou-me trocada, incapaz de prosseguir uma leitura coerente por isso massacrei os meus ouvidos com arco-íris daquela banda dos senhores que têm rádios na cabeça. De vez em quando não me importo de foder assim os ouvidos. Sem me terem feito nada preciso de os castigar como se merecessem. Subo o máximo do volume para ganhar ao comboio.
O homem não pode ficar sentado e imóvel à espera de morrer. Temos de nos ir matando aos poucos. Para custar menos, para não ser repentino. Para não culpar ninguém.
Há tantas outras bandas novas...
pausa*
mas criei um laço forte com este álbum. As pessoas também se apaixonam pelas coisas. E isso pode durar a  vida inteira.
Caramba, como estou cansada e ainda nada começou. O meu corpo não está a acompanhar o resto daquilo-que-quer-que-seja-a-nossa-outra-parte. Ninguém se lembra das costelas. Eu nunca me lembro delas. Só me lembro quando estas ameaçam de forma vingativa estrangular e sufocar o coração e os pulmões. E cá estão elas. A serem odiosas, a não entenderem que preciso da sua compaixão. Da sua prudência. Querem aterrorizar-me e tornam-se mãos mecânicas, computadorizadas pelo cérebro, que às vezes é nosso inimigo.
O corpo é uma questão incontrolável. Mas é mesmo isto que nos dá graça, esta incapacidade crónica faminta de alimento.
No Domingo fui ver a minha avó. Cada semana que a vou ver está cada vez mais velha. O Erasmo e os outros grandes, tinham razão, a velhice é (de forma decrescente) a fase mais próxima da infância, em tudo, até no seu físico. Ela teve de ir para um lar. Já não se arranjam pessoas de confiança para estarem 24h dentro da intimidade de um corpo velho, dentro da sua casa, a remexer na sua vida. Foi doloroso, mas teve de ser.
De qualquer maneira no Domingo levámo-la a casa. Já não ia a casa da minha avó há meses. Cheirava a carne podre. Com certeza algum rato morto por ali. Ou um pássaro. Ao olhar para a minha avó precisei urgentemente de ter uma garantia de que o tempo não consegue, por muito que queira, levar as coisas com tanta rapidez. Por isso fiz a minha visita pela casa, é o meu ritual. Serve-me de consolo. Mesmo sabendo que as coisas já não são assim isto ilude-me e faz-me acreditar de que ainda posso encontrar o meu avô no seu escritório agarrado a uma guitarra portuguesa e a cantarolar uma popularidade qualquer. A afinar e desafinar cordas, a esticar e cortar. Sentado naquele sofá à luz de um candeeiro de metal comido pela ferrugem (o espaço e o tempo não perdoam nada, não poupam nada, nem um simples e humilde candeeiro). Faz-me acreditar de que os natais ainda são passados naquela casa. Não carrego nenhuma dúvida, os meus melhores natais foram ali. Carregados de infância. Eu  e os meus primos fazíamos acampamentos de sofás em frente da lareira e falávamos de tolices, apenas tolices. As coisas sérias não têm grande lugar na felicidade. Íamos espreitando de vez em quando as galas de natal que iam passando na velha televisão que apanha mal a sic e que nem apanha rtp2. Aquele cheiro a comida, a filhoses da avó e doces da tia Bela, a alcatifa e a almofadas de lã. Deve ser por ligar tanto ao cheiro das coisas que não suporto usar perfumes. Fazem-me comichão. Não têm nada a ver comigo. O tempo tira-nos estas coisas boas, e deixa-nos um vazio até encontrarmos de novo outra coisa que (quase) substitua isso. E os anos do meu avô...ó como eu gostava dos anos do meu avô! A aldeia enchia a casa, o rancho trazia a maquinaria e fazia-se a festa. Barulho até tarde. E caras desconhecidas. Como eu adorava os anos do meu avô... As ferias de verão. Acordar cedo só para ir andar de baloiço. Como batíamos uns nos outros para ficar com o baloiço foram sendo acrescentadas cordas aos ramos daquela arvore velha, mas implacável, para criar mais baloiços, chegou a aguentar quatro ao mesmo tempo. As coisas que ali não se faziam...
A minha cabeça transborda memórias daquela casa. Transborda leite com Nesquik (ou nesquit como diz a minha avó).
Assim que tive possibilidade saí de casa para começar como eu ia dizendo, o meu ritual. Com um molho de chaves na mão. Descalça no pátio. Nesta época de calor, a velha arvore deixa cair umas bolinhas que nunca soubemos bem o que eram, e cobre o chão dum tapete movediço de preto-castanho esverdeado. Atravesso-o até a um sitio que me estremece, não ganho nada em dizer o porquê. Memórias, apenas eu entenderia mesmo tentando explicar. Começo, espreito a casa do forno do pão (a minha prima Raquel roubava massa crua à minha avó e comia e eu não podia contar nada a ninguém, shiu ), espreito o antigo galinheiro, onde de vez em quando me armava em forte e ia lá buscar os ovos, naquele mundo de penas e seres loucos que cheiram a feno. Agora vazio. Uma pena. Elas tinham um ar tão amigável. Ao lado a casa de ferramentas do meu avô onde não sei porquê desde miúda recusei a meter os pés, ou sei, de cá de fora avista-se lá dentro, presa a uma coluna, uma foice, uma foice e outros instrumentos raros...coisas presas ao tecto de vigas de madeira e telhas. Também nunca lá entrei porque essa casa não tinha luz e torna tudo mais arrepiante.
Mesmo assim a casa do forno é que eu gosto mesmo, quando o meu avô fazia descargas de milho e nos sentava-mos todos no chão a dividir os grãos, não quero falar sobre isto, vêm-me uma angústia arrebatadora que me desola. Atravessei o pátio até ao outro lado, subi as escadas do jardim que ha pouco tempo se lhes pôs um corrimão, e fui ao primeiro sótão remexi em velhos brinquedos, patins, umas bicicletas velhas e outras tralhas à mistura, saio e vou ao segundo sótão, este é mais interessante, tem livros empoeirados, cadernos antigos dos tempos de escola do meu avô, algumas maquinas esquisitas, e ratos mortos a serem ironicamente comidos por pequenas formigas canibalescas. Folhas roídas com receitas de chás medicinais, coisas alternativas às aspirinas, aos ben-u-rons e essas coisas. Da minha bisavó. Era curandeira. Não bruxa, curandeira. Saio e vou a um 3º sótão que estupidamente só descobri há coisa de 3, 4 anos. Quando me apercebi de como era bonita aquela traseira da casa é que me dei conta de uma pequena porta lá em cima, e de um escadote feito com madeira e pregos velhos tirado no chão. Escondido pelas ervas daninhas. Levanto-o e encosto-o à parede; sim, aquele escadote foi feito à medida para chegar àquela pequena porta. As portas são sempre misteriosamente bonitas. Misteriosamente temíveis. Antes de voltar a entrar em casa subo ao poço. Está intacto. Embrulha esta ó tempo!, pensei eu. Entro, há coisas que já não estão nada iguais, a mesa da maquina de costura mudou de lugar, o quarto onde dormia com os meus irmãos já não tem duas camas. Como era bom acordar naquele quarto. De paredes geladas mas sempre aconchegante, naqueles lençóis de flanela, que juntamente com pijamas de flanela nos prendiam os movimentos à noite. Aquele quarto, onde se jogou durante anos ao 'quarto escuro', saio, espreito o quarto ao lado, pouco ou nada mudou este. Passo para o escritório, o tal sofá, as guitarras, e os outros instrumentos do meu avô, as pautas, o móvel com gavetas cheias de coisas que apetece guardar nos bolsos e levar connosco para todo o lado. Para sempre. Correr, ajuda-las a que o tempo não as engula. Fotos, carradas de fotos antigas. Encosto-me à parede e recordo os concursos de talentos musicais que fazia com a minha irmã, e com as minhas primas, ali mesmo. Parece que nos imagino. Loucas. Despreocupadas. Histéricas e eufóricas. Montava-mos os microfones do meu avô e o resto era uma questão de faz-de-conta e risos de alegria. Apetecia-me ficar ali encostada. A rogar pragas ao tempo. A culpa-lo. A chama-lo de demónio. A pedir-lhe explicações e a ameaça-lo por se meter na vida de toda a gente, metediço. Saio, contino-o...
Tem tantos espaços e em cada canto há qualquer coisa que me apetece contar-vos, mas era uma conversa sem fim, a memória é um fio, quanto mais se puxa mais ele sai, mais ele sai, mais ele sai. Mais se puxa. Cada espaço tem um cheiro, um pormenor, um momento.
E cá está o tempo, que já me levou o meu único cão que tinha desde miúda, que já me levou o Nico, o cão do meu avô, que já me levou esse mesmo avô, e que agora se prepara para levar uma avó.
É assim a vida, mais curta que comprida.
Vasculhei aqui umas fotos. Velhas.

Parece quase a mesma coisa. Parece.

6 de setembro de 2010

 
pequeno tu

29 de agosto de 2010

INCONTORNÁVEIS
CHAGAS DA VIDA 

Não queria falar de má sorte, nem sequer de sorte nem de coisas em comum
Mas há 10 minutos atrás recusei uma ida à missa com o meu pai 
Saber que nenhum dos filhos inverte por esse caminho assalta-lhe a alma
Acabara de recusar tal oferenda 
quando deixo cair uma molhada de livros que insisto em meter uns em cima dos outros
 como se fossem uma coluna, em cima de um aquário que durante anos insisti em utilizar como suporte para por pincéis 
Como este ataque espirituoso me soube a fraquinho 
tentarei mais uma vez
Dá-me mais de ti vá lá!
Ao tirar os pincéis cortei o pulso num fino e estilhaçante triangulo de vidro
Merda, as coisas mais finas são as que metem mais impressão
Mas ainda não estou feliz 
insisto mais                           castiga-me com força!
Ah, agora sim 
 reparo que os livros derrubaram um copo onde tinha uma mistura de óleo termentina e óleo de linhaça 
coisas apenas nocivas e inflamáveis
.

28 de agosto de 2010

A Raquel, que foi minha colega no 4º ano, levava açoitadas e aprendeu a não falar. 
Estou a olhar para a mãe dela pela janela do meu quarto que está precisamente virada para a casa do pai dela. 
Está longe mas dá para perceber que não leva soutien por debaixo daquela t-shirt rançosa, acizentada pelo tempo larga na gola e nos ombros. Por Deus! Como se parece ela com um homem... O cabelo à George Michael em 1987.
Com as mãos ocupadas a carregar um carrinho de mão, leva o cigarro na boca, de lado. Ainda por cima de lado! E a Raquel é muda coitada, e trabalha no Modelo. 
Interessante.

26 de agosto de 2010

A trabalheira que é tirar estas fotos

1 de agosto de 2010


Pergunta-me porque não uso as coisas vivas. porque não me  preencho de luz em vez de raiva. 
Porque a minha luz é a raiva que transbordo. porque é tão forte, e tão pesado.
Porque estavam elas sentadas no muro.
O desejo enche-lhes a cara. transpiram e respiram desejo. vai-lhes no sangue. 
Abusam dos seus órgãos e fazem leite com eles.


29 de maio de 2010

SOPHIE SCHOLL
VOLTEI
E NÃO
FICO
POR
MT
T
Não vale a pena explicar. E nem o poeta tinha razão.
Até entender. O diabo dá-nos sempre a mão.

Para que se saiba, que neste blog coloco uma merda qualquer.

2 de maio de 2010

agressive
sugestive
maniac
maybe atractive
objective
SEX

4 de abril de 2010

revolver
Ex namorados, quem os quer?

3 de abril de 2010

Ontem
confetis para a banda sonora deste filme.

1 de abril de 2010

A Cobiça A Chata A Importância A Salvé A Peste.

Queria ver este filme

sinto-me uma perna de frango dentro de mostarda

30 de março de 2010

Adoro leite





shiu
NADA DE MAIS

28 de março de 2010

Eles não têm medo das vacas presas pelas orelhas.
Nem das agulhas em cima da mesa. Eles não têm medo da fronteira da terra nem das nuvens amarelas. Passaram para a calma como quem passa por um pesadelo. Construiram as ruinas e desfizeram-se das grandezas. Eles não têm medo das vacas. Elas estão presas pelas orelhas.

15 de março de 2010

A lentidão com que as coisas más acontecem não serve para nada. É mesmo lento, ou parece ser lento?
Estou a olhar para um pano amarelo, seco, em cima da bancada. Mais teso que a minha carteira. Quase que me suplica para que o molhe.
Não me posso sentir mal. É apenas um pano.
E eu tão pouco gosto de amarelo.



[we love]PAINT

14 de março de 2010

quando se perde.
há que tentar de novo.

1 de março de 2010

beautiful one


Caso com o homem que gostar desta musica.

27 de fevereiro de 2010

calma, clara e objectiva.

Estou farta de blogs, já não lhes acho piada. Mas gosto de pintar pedras.

22 de fevereiro de 2010

esta é a Bebe que nós (os poucos) conhecemos...


e esta é a nova Bebe, consigo aceitar o novo estilo, a nova musica, os brincos, mas aquelas unhas já não sei. Mas é a Bebe sei lá, aceita-se sempre...

21 de fevereiro de 2010

A mariquinhas


Aula de desenho às 8h da manha com o Mariano Piçarra. Nice.

16 de fevereiro de 2010

Ao crescer o que se perde não é a motivação pela vida, é a facilidade com que a conseguimos explicar.

15 de fevereiro de 2010

the first french taste

Não escrevo grande coisa porque não há nada de mais para contar, as pessoas continuam saloias, o mundo viciou em dentes de vampiro, os jovens são cada vez menos originais, os artistas estão a morrer, continuamos em crise, tenho de cortar o cabelo do meu coelho, o meu cão está doente, dia 22 recomeço as aulas, e dia 18 ainda tenho uma avaliação, as notas podiam estar melhores, mas eu também podia estar melhor, o Joao Pedro já está em Amterdão. O pior é à noite quando não temos desculpa e o sono não é razão suficiente para fugir ao pensamento. Os homens prestam tanto como as mulheres, mas há qualquer coisa neles, que me repugna. É justo, visto que as mulheres são um animal. Tem estado um gelo, chove e faz vento, querem um inverno mais perfeito que este? O carnaval não me deixa feliz. Faz tempo que não arrumo o quarto, que não pinto, que não desenho, que não leio. Podia estar no código, mas não, estou aqui a alimentar a minha desgraça. Inútil. 
Coisas velhas aqui estão elas.

quadriculame